quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Projetos não concretizados: First F189 e Life L190

Retomando o tópico depois dos carros de 6 rodas, apresentarei a vocês hoje, o carro que foi duplamente fracassado. O First F189 e a Life L190.
O dono da equipe Life era o italiano Lamberto Leoni, que teve uma rápida e apagada passagem pela F1 na Surtees e na Ensign. A First já corria na F3000 com Martini e Apicella e almejava uma vaga na F1. O carro foi projetado pelo brasileiro Ricardo Dívila, o mesmo que desenhou o Copersucar Fittipaldi. Mesmo sem muito dinheiro, Leoni e Divila constroem um carro para entrar no mundial de 89, muito bonito diga-se de passagem, mas com grandes problemas estruturais. O motor seria um Judd V8, que, na Williams não deu muito certo, mas no First, quebrava um galhão. O carro chegou a disputar uma competição, foi o Trofeo Indoor de F1 no Motorshow de Bolonha de 88, já mostrado aqui, mas lá, não passou da primeira rodada. O piloto ao volante não era nem Martini nem Apicella, mas sim, Gabriele Tarquini. No 'crash test' obrigatório para inscrição do carro no mundial, o First F189 foi reprovado pela FISA e impedido de correr. Sem dinheiro, sem carro e com muitas dívidas, Leoni se viu em apuros, mas até encontrar Ernesto Vita.
Leoni conseguiu vender o projeto do chassi da First para Vita, e, junto com Franco Rocchi, criaram um motor W12 para o carro. Para nomear a equipe, Leoni colocou seu sobrenome, Life (Vita em inglês). Mas o calcanhar de Aquiles do projeto foi justamente o motor. Era grande, e não casava direito com o chassi do First, diz a lenda que em um GP, os mecânicos tiveram que marretar o motor para ele encaixar no carro. Outro fracasso era a potencia do W12, segundo o site GP Total, eram apenas 375 cavalos de potência. Um fiasco.
Com alterações estruturais, o carro foi aprovado para correr o mundial de 90. Vita chama o filho de uma lenda australiana para disputar o mundial: Gary Brabham.
Logo no primeiro GP, os patrocinadores da Life viram na furada que entraram, Brabham foi 30 segundos mais lento que Claudio Langes(!) com a fraca Euro Brun e quase 40 segundos do pole, Gerhard Berger. No GP seguinte, Brasil, a Life fez pior, andou 400 m antes do motor quebrar. Em Ímola, a Life desenterra Giacomelli em substituição à Brabham. Resultado? 7"16'212 como melhor volta e 424 segundos mais lento que o pole, Senna. A Life foi nesse ritmo até o final do ano, ou melhor, até Jerez, onde disputou(?) seu último GP. Nas duas últimas provas, a Life retornou com o Judd da First, mas sem dinheiro e patrocínios, a Life faliu, como um dos piores carros de todos os tempos.


O dono da First, Lamberto Leoni, tentando classificar sua Surtees em Monza 77



A First competia na F3000 com Pierluigi Martini e ...



... Marco Apicella, mas nenhum dos dois foi o escolhido para pilotar a First na F1



Linda mas ordinária. Gabriele Tarquini foi o escolhido para pilotar o First F189. Aqui, vemos ele em ação no Bolonha motorshow de 88



Na única competição da First, ela sai na 1ª rodada. Depois disto, a FISA lhe nega inscrição no mundial de 89 por causa de falhas graves estruturais



Leoni fica a ver navios até encontrar Ernesto Vita, que compra a First e o transforma em Life



Life e seu motor peculiar. Um W12



3 fileiras de 4 cilindros, configuração praticamente inédita no automobilismo



A inspiração do motor de Franco Rocchi veio do MGN W12. Na foto vemos Philippe Billot testando a AGS JH22 na pouco usual pista de Grand Sambuc em 89
[colaboração da foto: L-A. Pandini]



A Life teve participacões na F1 nada mais do que pífias. Cena rara, Life andando em Interlagos. Foram apenas 400m antes do motot estourar



Cena comum, Giacomelli sendo guinchado no Canadá. Alguem me explique a bandeira da União Soviética no carro.

14 comentários:

Germano disse...

cara, é por essas e outras q eu adoro teu blog...

um parêntese, Gabriele era test-driver da Life (pasme!!)
dois parenteses, o lance do motor encaixado com jeito foi um Judd pego emprestado às pressas pra correr(!?!)
e quanto à bandeira da URSS...não sei te informar...mas q é curioso é
e uma chave (engraçadinho...hehehehe) o L190 tomava benga até de F3000!!!!!

Anônimo disse...

O carro da First era mesmo lindo... e esse circuito de Grand Sambuc se parece com a estrada que pego pra visitar minha cidadezinha natal aqui em Minas, medo!

Anônimo disse...

Rianov,

vai ver é por causa da bandeira da URSS que carro era vermelho. Pelo desempenho, e durabilidade, não duvidaria que a LIfe na verdade seria uma tipo de LADA F1... vai saber, nquela época a URSS estava tão ruim quanto a LIfe.
Curioso como as duas "faliram" quase ao mesmo tempo, mas a Lada continua por aí, pegando no tranco, sendo empurrada, mas de vez em quando a gente vê algum doido empurrando o seu LADA.

Anônimo disse...

Legal tambem a foto do Giacommelli sendo guinchado.
Pela cara parece que ele está a ponto de usar o seu latim para mandar o Vita tomr no... copo.

Speeder76 disse...

Olha a Life... bela m**** de carro. Mas a Andrea Moda foi pior!


Enfim, quanto à bandeira soviética, tenho uma explicação. tem a ver com a PIC, uma firma de industria bélica da então Leningrado, (agora São Petersburgo), que se queria reconverter-se para fins civis, e achou que não seria mau de todo se associasse com esta amostra de equipa, como fornecedora de material. E estavam interessados em fabricar um Formula 1!


Dali a bandeira soviética no chassis da Life. Aliás, o que está escrito é LIFE-PIC. Ingénuos, esses soviéticos...

Ron Groo disse...

Podem até ter sido ruins de competição, mas como eram lndos!

Arthur Simões disse...

O carro da First era realmente muito bonito,mas ele foi destruido para comportar esse motor Life.
Da pra ver direitinho como ele foi modificado.Se hoje temos na tampa do motor uma bigorna a Life tinha uma parte de um míssil.
Rianov,como um F1 vira em uma volta "rápida" 7"16'212???
O Giacomelli deve ter dado uma escapada ou batido...seilá.
Esse carro devia ser a piada do paddock.

Abraço Rianov.

L-A. Pandini disse...

Arthur, tempos como "7:32.150", "14:23.094" e outros assim têm uma explicação. Quando uma sessão de treinos é aberta, todos os sensores instalados nos carros começam a marcar tempo. Suponha que, após a abertura da sessão, o piloto demore 6 minutos para sair do box. Ele vai então demorar mais um tempo (digamos, 1:40) para passar pela linha de chegada e completar sua primeira volta, totalizando então 7:40 como tempo inicial. Se ele quebrar ou bater antes de completar sua primeira volta rápida e não conseguir voltar a treinar pelo resto da sessão, é esse tempo que ficará registrado. Abraços. (LAP)

Rianov disse...

Speeder e Pandini, meu sincero obrigado!

Essas informações realmente enriqueceram o tópico

Arthur Simões disse...

Entendi Pandini.
Valeu pela ótima explicação.
Sempre quando via no statsf1 um carro com tempos esdrúxulos como essa achava que ele tinha ocorrido algo com o piloto.

Ganhe na Internet disse...

Me desculpe mas não estou 100% de acordo com o Speeder. A Andrea Moda era ruim sim era, era muito mal gerida, sim era. Mas pelo menos era mais rápida que a Life e se conseguiu qualificar em um grande prémio (Mónaco 92).
Quanto à Life era uma banheira mesmo. Um chassis fraquíssimo e um motor que era considerado fraco para a própria Fórmula 3.
Nem a própria mudança de motor fez o carro andar mais depressa, todo o carro era mau mesmo.

Curiosidade: Posso estar enganado no nome mas penso que o próprio Giacomelli fez pressão aos pilotos em 89/90 para que ninguém fosse conduzir esse "chasso" por considerar que o carro era uma pura bomba relógio.

Anônimo disse...

Mais informacoes sobre o projeto Life=
http://www.f1rejects.com/teams/life/profile.html

Anônimo disse...

Mais detalhes sobre a Life=
http://www.f1rejects.com/teams/life/profile.html

Anônimo disse...

Mto boa essa foto da Life!!! Se repararem bem, ao fundo há a McLaren do Ayrton Senna. Só assim mesmo Senna e McLaren ficarem atrás do Giacomelli e da Life... KKKKK

Léo - BH-MG