Sei que não é bem uma pancada, mas vale a pena ler o texto e se deliciar com minhas fotos (risos).
Na largada, novo arranque canhão de Gilles, que no fim da primeira volta era segundo, atrás de Jones. Morde-lhe os calcanhares até á 11ª volta, quando ao chegarem á famosa curva Tarzan no final da recta da meta, Gilles ataca como só ele sabia fazer e, por fora e no braço, passa o australiano.Sem dúvida, um grande piloto. Meio maluco, mais um grande piloto.
Tudo parecia encaminhar-se para uma vitória tranquila de Gilles, e para uma recuperação boa dos pontos em atraso, pois Jody tinha caído para 18º na largada, e apesar de estar a recuperar fortemente ocupava agora o sexto lugar. Lafitte era oitavo, e se a corrida terminasse assim, Gilles seria o novo líder do campeonato. Gilles liderou tranquilamente até á 40ª volta, quando se começou a notar que o seu Ferrari estava a perder a estabilidade e… a rapidez, especialmente nas curvas para a direita, que são a maioria no circuito holandês, o Ferrari fugia anormalmente com se não tivesse mais pneus, mas não era esse o caso, pois o que estava acontecer era um furo lento no pneu traseiro esquerdo do Ferrari de Gilles.
E na 46ª volta, finalmente, na curva Panorama, Gilles roda e Jones, que se tinha aproximado muito, ultrapassa-o. Gilles, como de costume, sai lindamente do pião e retoma a luta mas ao passar em frente ás boxes, o pneu finalmente entrega a alma ao criador e explode em plena recta (como Mansell na Austrália alguns anos depois). Só o extraordinário controlo do carro que Gilles possuía impediu um enorme acidente, pois ao fazer um pião controlado conseguiu parar o carro sem bater em nada. Gilles viu nesse momento o campeonato ruir, pois atrasando-se na pontuação, sabia que a Ferrari tinha que tomar as suas opções e não preparado para desistir da luta, arrancou com o seu carro de 3 rodas por Zandvoort fora, como se possuído estivesse por algum espírito guerreiro das tribos indígenas das planícies de Saskatchewan, no seu Canadá.
O espectáculo foi fantástico, pois o Ferrari dançava por todo o lado e as faíscas, saídas da jante que batia no chão, abrilhantavam o show. Finalmente conseguiu entrar na box com aquela amostra de carro, mas mesmo assim não queria desistir, pois perante o olhar atónito de Forghieri e dos mecânicos, Gilles, com as mãos e aos gritos mandava que rapidamente lhe trocassem a roda. “Gilles at his best.” Ganhou Jones, Scheckter foi 2º e seguiram-se Lafitte, Piquet, Ickx e Mass.
Idiota, exibicionista, perigoso e mais algumas coisas parecidas foi o que de novo o apelidaram, mas não só.
Enzo Ferrari: Villeneuve ainda faz alguns erros ingénuos, mas é um homem que quer vencer acima de tudo. Ele foi justificadamente criticado mas não nos devemos esquecer que a sua paixão e o seu entusiasmo tiveram um predecessor, Tazio Nuvolari, e que este em 1935 ganhou o GP da Checoslováquia em Brno, só com três rodas. Assim, era possível."
Nigel Roebuck: “Graças a Deus que ainda há alguns poucos neste mundo que não sabem o que é desistir. Foi meio louco? Foi. Mas a sua atitude é coerente e veio do exacto mesmo espírito, paixão e competitividade que caracterizaram todas as suas corridas. Ele gosta mais de ganhar do que de não perder.”
Dennis Jenkinson: “A sua atitude e julgamento a alta velocidade, os seus reflexos, a sua tenacidade e a alegre excitação do seu estilo de pilotagem faz-nos a todos ir a um circuito só para o ver em acção.”
Gilles declarou depois: “ Enfiado no carro só o que realizei é que ele ainda andava. Eu sabia que algo estava muito mal mas enquanto andasse eu pensei que existia uma hipótese de poder ser reparado. Para mim, enquanto o carro andar, eu guio … e o mais depressa possível.”
Quem quiser que critique. Eu nunca.
15 comentários:
Enfim, foi por estas e por outras que se tornou no piloto mais espectacular de sempre...
QUando era pequeno, meu pai sempre contava histórias do Gilles...
A que mais gostava era essa, de Gilles andando apenas com três rodas...
E nota-se nas palavras de Enzo uma grande admiração, que, infelizmente, não traduziu-se em apoio em 1982...
Simplesmente espetacular - e pensar que a famosa 'Batalha de Dijon' foi nesse mesmo ano...
E a foto 6... olhaí o Bibendum correndo de medo, tal qual como acontecera com Derek Daly :-)
abs., RobertoJP
Gilles Villeneuve...o cara q não sabia o q era PT =P
lembro de uma vez folhear um livro sobre grandes da F1, e no capítulo sobre Gilles eram basicamente fotos de carro despedaçado ainda correndo
Ele era meio maluco mesmo.
Andar com carros despedaçados era com ele mesmo.Em 81 ele terminou a sua corrida natal com o bico quebrado.
À Respeito do Nuvolari, ele chegou em segundo, não em 1o. Foi no dia 29 de Setembro e ele corria com uma A.Romeo 8C. Mesmo assim é um resultado de porte.
Mike Doodson, há alguns anos, colocou essa corrida de Gilles como um dos dez melhores desempenhos dos anos 70 na F1.
Engraçado vc ter falado do Roebuck. Sem ter lido seu post, também reproduzi algumas palavras dele.
Rianov:
No próximo "pancadas incríveis", eu sugiro dois posts:
A pancada de Philippe Alliot (México, 88)
A batida de Christian Fittipaldi em Pierluigi Martini, onde o brasileiro decola e chega em oitavo (Monza 93).
Continue assim, Rianov!
Não tem como não gostar desse sujeito...
Primeiramente parabéns pelo blo que esta ótimo
mas eu tenho uma duvida porque voltando para o pit andava com o braço direito erguido?
Quem viveu, viu.
E quem viu, não esquece. Viva o Gilles!
Bons tempos que ainda existia ré na F1, se não ele estaria ferrado, hehe. Infelizmente sou muito novo pra ter visto Gilles correr, mas certamente ele merece respeito.
Thank You ;)
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É um bom artigo, mas contêm algumas inverdades.
Gilles quando era acossado por Jones não faz um pião na curva Panorama, mas sim na Hondenvlak, aquela onde morreu Courage e onde Williamson bateu nos rails.
Vi a corrida em directo e li sobre a corrida nos dias seguintes... nunca tinha lido sobre um furo lento em lado nenhum.
Se se vir a corrida novamente, vai-se notar que Gilles usava demasiado os correctores, em comparação com Alan Jones.
É notório na saida da curva Tarzan e na saida da Tunnel öst, Gilles subia sempre os ditos correctores, Jones raramente.
No referido pião,em Hondenvlak, Gilles subiu o corrector na saida da curva, e perdeu o controle do carro, pelo menos eu vejo as coisas assim. Ao fazer o pião ainda toque de leve no rail, mas nada de alarmante.
E não foi nessa mesma volta que o pneu rebenta. Creio que ainda fez mais umas 3 ou 4 voltas até isso acontecer.
O pneu rebentou, quem sabe, talvez devido a esse pião que ele tinha feito antes. Como disse, sobre um furo lento nunca li em lado nenhum, mas...
Abraços
Paulo Alexandre Marques
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