sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A última do "jatinho da F1"

1971
Emerson Fittipaldi, World Wide Racing Lotus
Lotus 56B, Pratt & Whitney, Firestone
Rothmans F5000, Hockenheimring, Alemanha

(Clique para ampliar)


- Antes de tudo, foto raríssima! Ainda por cima numa resolução dessas? Minha nossa...

Essa foi a última aparição do excêntrico 56B, o carro movido a turbina e com tração integral da equipe Lotus. Numa corrida da F5000, uma semana depois de Emerson correr em Monza com o carro, Emmo teria o “prazer” de ser o último piloto a guiar esse bólido em competições oficiais.

O carro na F1, foi meio que um fiasco, foi até que bem na Indy 500 em 68, onde largou em 1º e 2º, mas no lado europeu, não se deu bem. Quebrava demais a suspensão e tinha um ‘lag’ muito grande, que, mesmo tirando o pé do acelerador, para frear em uma curva, por exemplo, o carro continuava acelerando. Com isso, os freios do carro eram muito sobrecarregados e não atuavam como deveriam. Fittipaldi chegou até a sugerir a Chapman a adição de mais discos de freio no carro. Originalmente com 4 discos e 8 pastilhas, Emmo sugeriu dobrar estes números para 8 discos e 16 pastilhas (!).


Turbina Pratt & Whitney

O carro em si, foi uma idéia de Colin Chapman e de mais um grupo de engenheiros canadenses. Em Indianápolis 68, o motor de “avião” que o carro tinha, gerava 680 cavalos de potência. Comparando-se com um motor de combustão normal, este carro possuía a litragem de 5 litros. Este limite excedia às regras da F1, por isso, para se adequar a categoria, Chapman adaptou o motor do carro, reduzindo-o para 3 litros, e o deixando com 560 cavalos de potência: 100 cavalos a mais do que qualquer outro carro do grid.

Para ligar o carro, era feito o mesmo procedimento de um jato comum. A marcha lenta deste motor é de 10 mil giros, praticamente a máxima dos motores normais da época. Já a sua máxima, girava em absurdos 45 mil RPM.

O carro não tinha pedal de embreagem, e um de seus grandes defeitos era a demora de resposta do motor - absurdos três segundos. Em circuitos travados, o piloto tinha que acelerar e frear ao mesmo tempo, o que desgastava ainda mais os freios do carro e fadigava excessivamente o piloto.

A única vez em que o carro andou bem foi em Zandvoort (sempre em 1971), quando Dave Walker se aproveitou da chuva que caia sobre o circuito para fazer valer seu carro com tração nas quatro rodas. Largara de 22º e em 5 voltas já estava em 10º, mas na ânsia de angariar mais posições, erra na curva Tarzan e abandona a prova.

Nesta última prova disputada pelo 56B, Emerson era o único piloto que pilotava um carro de F1, todos os outros pertenciam à regra da F5000 (carros com litragem máxima de 5 litros, contra apenas 3 dos da F1). Emerson largou em 2º e chegou em 2º nas 2 baterias em que a prova foi disputada. Ao menos ele deixou uma marca positiva, o recorde da volta mais rápida foi do 56B.

Para questões de comparação, a Fórmula 1 correu em Hockenheimring em 1970 pela primeira vez, e, com este tempo de 2.01.8 que Emmo fez na qualificação, conseguiria colocar seu “jato” na 12ª posição do grid de largada.

Colin Chapman, que era o principal incentivador do projeto, desistiu de levar o carro para frente. Tanto ele quanto Emerson sabiam que, quando acertassem a regulagem do carro em 100%, a FIA iria banir seu carro do grid, pois não iria ter comparação a diferença de rendimento deste carro para com os outros.

Depois de não conseguir o que almejava com o 56B, Chapman se focou forte na Lotus 72, que, a grosso modo, era o corpo do 56B adicionando-se às asas do 49. Lotus 72 esta que foi um dos carros mais vitoriosos da história, e que deu a Fittipaldi seu 1º título mundial já no ano seguinte.

12 comentários:

Rianov disse...

Alguém além de mim queria escutar o som deste motor?

Ever Rupel™ disse...

eu!!!
o som do motor deveria ser maravilhoso!!!

leandrotullii disse...

a foto é tão rara que não aparece!

Rianov disse...

Leandro, acho que agora está ok não é?

Abraços

d.dias disse...

Rian como sempre, perfeito!!!


nota 10!!!
ainda bem que vc teve piedade da gente e manteve o nostalgia no ar!! Valeu cara!!

Cezar Fittipaldi disse...

Parabéns soviético, Puta foto, puta lembrança de um feito da engenharia.
abraços

walter disse...

Vou cair no lugar comum, feliz por cair no lugar comum.
Que dó da F1 atual. Que sensacional era aquela F1!!!
Tínhamos Ferrari, BRM e Matra, com V12 maravilhosos, cada qual com seu ronco inconfundível e maravilhoso; no time dos movidos a Ford, gênios como Chapman, Tyrrell e outros, bolavam as mais loucas traquitanas, sejam mecânicas sejam aerodinâmicas.
Aí vem o Chapman com um carro a turbina: Pratt&Witney na pista!
De fato, o barulho desse carro é algo que lamento não ter ouvido; mas vê - lo correr deve ter sido duperú, porque seu comportamento era diferente dos carros com câmbios, motores e essas "coisinhas normais"; acelerava diferente, brecava diferente, 'voava' diferente.

leandrotullii disse...

acabei de ver, esta otimo!

Fabiano 70 disse...

Rianov,

preciso da sua ajuda: coleciono fotos de raridades da F1 dos anos 70 e 80 e não consigo nenhuma foto do dinamarquês Jac Nelleman, que tentou classificação no GP da Suécia de 76 com uma Brabham BT44 da equipe RAM. Você teria algum material deste piloto? Um abraço e parabéns pelo site, é visita diária obrigatória.

Fabiano Guimarães

Rianov disse...

Tenho sim Fabiano,

Hoje mesmo posto foto dele aqui, abraço

Anônimo disse...

Camarada Rianov:
O Lotus Turbine era mesmo um "foguete" com rodas. Sua versão Indy custou a vida do piloto Mike Spence, um mês depois da morte do grande Clark. Já a 56B (F1), parecia funcionar melhor nas mãos de alguém com pilotagem mais suave como Emerson. Desconfio que essa pintura diferente da Gold Leaf Team Lotus, fosse um disfarce para evitar problemas com a lei italiana, após acidente fatal com Jochen Rindt. Chapman inscrevia o time nas provas como World Wide Racing Lotus. Emerson usou esse lay-out no GP da Itália/71. Mas é só um palpite.
Caranguejo

Teddy disse...

E os carros atuais conseguem 700HP ou mais sem turbina sem nada. Evolução é tudo.