quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Crashed and Byrned

1982
Tommy Byrne, Marlboro McLaren International
McLaren MP4/1B, Ford Cosworth DFV 3.0 V8, Michelin
Teste, Silverstone, Northamptonshire - Grã-Bretanha

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1982
Enrique Mansilla, Marlboro McLaren International
McLaren MP4/1B, Ford Cosworth DFV 3.0 V8, Michelin
Teste, Silverstone, Northamptonshire - Grã-Bretanha

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1982
Thierry Boutsen, Marlboro McLaren International
McLaren MP4/1B, Ford Cosworth DFV 3.0 V8, Michelin
Teste, Silverstone, Northamptonshire - Grã-Bretanha

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1982
Stefan Johansson, Marlboro McLaren International
McLaren MP4/1B, Ford Cosworth DFV 3.0 V8, Michelin
Teste, Silverstone, Northamptonshire - Grã-Bretanha



"Eu estava lá com outros quatro pretendentes: Thierry Boutsen, Stefan Johansson, Quique Mansilla e Dave Scott. Havia saído com um amigo na noite anterior. Pegamos umas garotas e levamos elas ao teste, o que provavelmente criou uma impressão ruim. Quero dizer, a minha parecia uma puta. Ela não era, mas usava muita maquiagem e uma saia que mal cobria sua bunda.

Este era o teste que todos falam quando meu nome é mencionado. Eles sabem tudo sobre ele – como eu disse a Ron Dennis que o carro era uma merda, como eu ferrei minha carreira por ser metido demais. Mas eles não sabem nada, porque nada disso é verdade. Ron Dennis sequer estava no teste! O teste foi comandado por Tyler Alexander. Johansson havia pilotado no dia anteror, quando estava um pouco úmido, então não podemos comparar os tempos. Scott e Mansilla fizeram suas voltas no terceiro dia e Boutsen e eu no segundo. No dia do meu teste, Boutsen foi primeiro. Ele fez umas quinze voltas, voltou e reclamou de subesterço. Ele pegou um novo jogo de pneus, voltou à pista e fez em 1:10.9. Tudo de modo muito profissional. Os mecânicos da McLaren começaram a instalar meus pedais, que eu havia feito quando visitei a fábrica da McLaren na semana anterior. Eles nos deram nossos próprios pedais, cada um com nossos nomes gravados. Quando fazíamos nossas voltas, eles colocavam o nome na lateral do carro. Havia muita atenção aos detalhes.

Enquanto isso eu estava um pouco nervoso. Senti muita ansiedade nesse teste. Era a única oortunidade para reparar o estrago que havia feito antes em minha relação com Ron Dennis. Mas ali estava Boutsen reclamando de subesterço, e ele era um cara que eu respeitava. Assim que entrei no carro, minhas preocupações se foram completamente. Sim, havia algum subesterço, mas tudo o que fiz foi frear um pouco antes, virar um pouco antes e antecipar a aceleração. O resultado: nenhum subesterço. O carro era incrivelmente bom. Eu estava fazendo curvas em quarta que na Theodore eu faria em terceira e que Boutsen aparentemente fez em terceira também. Logo depois da segunda volta senti que precisaria subir uma marcha. Estava quase no limite da quarta na Stowe, o que era incrível. Na Theodore eu sequer havia levado a terceira ao limite.

Assim que peguei os pneus antigos, fui tão rápido quanto Boutsen com seus pneus novos! Depois eles instalaram meu novo jogo. Aí sim eu fiquei empolgado! Eu estava quatro segundos por volta mais rápido que na Theodor. Subtraia quatro segundos das voltas da Theodore nos GPs e eu estaria na frente de todos. Deram minhas três últimas voltas como 1:10.01, 1:10.01 e 1:10.01. Meu amigo Joey Greenan estava lá, cronometrando por conta própria, e ele estava convencido de que minhas duas últimas voltas foram ainda mais rápidas, mas por alguma razão não me mostraram os tempos. Joey cronometrou 1:09.6 em minha última volta com pneus de corrida, não de classificação.

Para mim, isso era a simples confirmação do que eu suspeitava há tempos. Pilotando um carro de F1, não era mais difícil ser tão competitivo como em um bom FF1600 de um carro de F3. Se eu entrasse em um bom carro, independentemente da categoria, seria bom o bastante para vencer. Este teste apenas confirmou isso. Se eu tivesse minha estreia em GPs com um McLaren ou um Williams, poderia estar em condições de ganhar imediatamente. Não há mistério. Vinte e cinco anos atrás eu era o melhor piloto lá. As pessoas ficaram impressionadas com os tempos que eu fiz na McLaren, mas eu não estava. Era normal, foi o registro de tudo o que eu faria se tivesse um carro competitivo.

Eu disse à equipe algo depreciativo sobre o carro? Claro que não. Era um carro fantástico. Eu devo ter dito algo como "sim, há um leve subesterço em curvas de baixa mas se conseguirmos corrigir isso eu poderei ir mais rápido", apenas como feedback. Eles me agradeceram pelo teste e fui para casa.

E esperei. O telefone não tocou. Não houve mensagem de Ron Dennis. Então o Motoring News saiu na semana seguinte e havia uma reportagem do teste que era um pouco decepcionante e dizia que minha "postura arrogante" não havia deixado boa impressão para a diretoria. E naquele momento, todos os pensamentos que eu tinha sobre meu desempenho no teste ter mudado minhas chances com a McLaren se foram.

Há cerca de seis anos eu estava no pitlane no Road America quando um cara me parou. Eu o reconheci de algum lugar. Ele disse "olá, Tommy, como você está e o que você tem feito todos esses anos?"
"Ah, apenas dando aulas e treinos", eu disse. "É, você foi tão rápido naquele dia em que testou a McLaren, e você nem estava com o melhor carro."
"O que você está falando?", perguntei. Eu tinha o mesmo carro que Boutsen, que havia acabado de sair dele.
"Sim", ele disse, "mas quando eu estava trocando seus pedais, me mandaram não te dar aceleração total." Isso me deixou pensando: será verdade? Isso explica por que comecei usando a quarta marcha, em vez da terceira – e é provavelmente por isso que eu estava quase no limite na Stowe, por isso que o carro se aproximava da curva tão devagar. Mas tenho certeza que a McLaren nunca havia feito algo como aquilo – ou haviam me dado os tempos errados. Eles são profissionais demais. E por que alguém daria bola para Tommy Byrne? Eu preferiria não ter encontrado Tony Vandunger naquele dia, porque lembrei de todo aquele teste e minhas sensações sobre ele reacenderam.

Então vamos perguntar ao próprio Vandunger o que ele lembra daquele dia. "Bem, foi há muito tempo! Mas sim, minha lembrança é de que fomos instruídos para dar a Tommy menos que aceleração total – e somente a Tommy, não aos outros. Por que isso? Honestamente não acredito que tenha sido para ferrar Tommy, mas para proteger ele e o carro. Lembro de ter falado com ele no GP da Áustria, quando estava pilotando a Theodore, e parecia como se estivesse em um teste da McLaren. Ele era bem metido, totalmente confiante sobre ir para a McLaren. E no teste foi igual. Acho que havia uma sensação, provavelmente de Tyler Alexander, de que aquela confiança o deixaria mais propenso a bater o carro. Não era um carro de exibição, mas sim um carro usado nas corridas, e destruí-lo não seria nada bom. Sentimos que os outros caras não eram tão agressivos, mas com Tommy ficamos preocupados principalmente por ele andar depois de Boutsen, pois teria um tempo para baixar, então mexemos um pouco no carro. Você só precisa ajustar o curso do acelerador avançando o batente do pedal. Depois você olha pelas cornetas do motor, as borboletas não estão totalmente abertas. Leva apenas uns poucos segundos. Ele foi muito rápido apesar disso, e nós rimos muito imaginando como seria sem a "sabotagem"."

Tradução do site Jalopnik Brasil do livro Crashed and Byrned, de Tommy Byrne

Ps. Ficarei devendo a foto do Dave Scott neste teste.

2 comentários:

Verde disse...

Tommy Byrne. Quase fiz uma entrevista com ele, que chegou a me convidar para ir na vernissage do seu livro (!).

Mas desisti porque, honestamente, não estava interessado. E porque o cara propôs fazer uma entrevista por telefone e eu não sou rico o suficiente pra passar um tempo batendo papo em uma ligação internacional.

Dizem que é um dos sujeitos mais ridículos do automobilismo britânico. E muitos o criticam por causa da história da puta. Mas enfim...

E acho que há uma foto do Dave Scott testando o McLaren (ou seria o Lotus) lá no fórum Autosport.

Teddy disse...

Bem, se o teste foi no início do ano nenhum dos cinco teria mesmo chance de guiar pela Mclaren. Acredito que o lauda já estava na jogada e o Watson tinha mais dois anos de contrato. Ces't la vie...