segunda-feira, 24 de novembro de 2008

GP's históricos: Suécia 78

Em 2008 fez 30 anos de uma das maiores dominações que a F1 já viu.

O circo da F1 chegava na sua 8ª etapa. O circuito era o de Anderstorp na Suécia, pista esta que era um misto de Aeroporto e Autódromo.

A Lotus dominava fácil o campeonato, Andretti liderava o certame com certa folga, e seu companheiro de equipe, o sueco, Ronnie Peterson vinha em 2º na tábua de classificação. Alem disso, os pilotos da Lotus 79 vinham de duas dobradinhas: Zolder e Jarama.

Só que Bernie Ecclestone e Gordaon Murray, que tinham o campeão da F1, Niki Lauda, nas mãos, não queriam ser deixados para trás pela Lotus, e logo trataram de evoluir a Brabham BT46.

Na época, a Lotus 79 era o supra sumo do efeito solo, Colin Chapman desde o ano passado já utilizava esse advento tecnológico para ganhar aderência e vantagem sobre os adversários. Só que Gordon Murray tinha uma carta na manga, e era uma carta alta, altíssima!

O BT46 não passava de um carro normal, só que, para dar a Niki um carro em condições para disputar o título, a Brabham se inspirou no carro esporte americano, o Chaparral 2J.

O Chaparral tinha dois exaustores na parte de trás do carro, assim como o Brabham, a diferença era que, no carro de Murray, se utilizavam uma ventoinha única. O carro foi batizado de BT46 'B' mas ficou mais conhecido com Fan-car.

A diferença de performance era tamanha que Ecclestone ordenou que Watson e Lauda fizessem o treino classificatório com o tanque cheio. Resultado? 2ª e 3ª posições respectivamente para os pilotos da Brabham. O domínio era gritante.

Andretti, o vencedor das últimas 2 corridas, largou na pole, mas logo na largada Lauda parte para a 2ª posição. Mário forçava ao máximo sua Lotus, e Niki só o acompanhava. Era nítido a diferença de rendimento, enquanto Andretti aproveitava toda a pista para andar no máximo, Lauda ia muito mais suave, porém, contornava as curvas na mesma velocidade que Andretti. Lauda parecia se segurar para não passar Andretti.

Na parte de trás, Watson, que não tinha o mesmo talento que Lauda, sofria para acompanhar o novato Patrese com sua Arrows FA1. Tanto que, na ânsia de ultrapassar Patrese, roda e dá adeus a corrida.

Enquanto isso, Andretti e Lauda só iam abrindo para Patrese, o 3º colocado. Em pouco mais de 30 voltas, os dois já tinham dado uma volta no 5º colocado, e já abriam 1 minuto para Riccardo.

Por volta do giro 40, Andrerri, com a pressão de um Lauda embutido, erra numa saída de curva e dá a Lauda a chance de passar pelo piloto da Lotus. Depois da ultrapassagem, Lauda já abre uma grande diferença para Andretti. Só que, na volta 46, o motor Cosworth da Lotus nº 5 vai para o espaço e deixa Andretti 'a ver navios'.

Para não 'dar muito na cara', Lauda diminui muito o ritmo, e só administra a sua fácil vitória. Patrese, que vinha em sua 1ª temporada completa, chega numa honrosa 2ª posição com o caseiro Peterson colado na sua caixa de marchas, em 3º.

Emerson, que largou de 13º, se aproveitou de alguns abandonos e da fraca participação dos pilotos da Ferrari, e chegou em uma boa 6ª posição.

Depois deste enorme domínio, a CSI, a antiga FIA, baniu essa Brabham por motivos de segurança, pois com o advento desse tipo de carro, iria ser possível andar com o 'pé cravado' na maioria dos circuitos, o que era algo extremamente perigoso.

Em GP's oficiais, o BT46'B' nunca mais andou, só que, numa prova extra-oficial, o Gunnar Nilsson Memorial Trophy de 79, o 'Fan-car' voltou a dar seu ar da graça, e quem pilotou o bólido foi o brasileiro Nelson Piquet.


A Brabham veio para a Suécia em 78 com um carro revolucionário. O BT46'B' Fan-car


Watson não se aproveitou muito do carro, pois, já na largada, perde 2 posições e roda ao tentar roubar a 3ª posição de Patrese.


Já Lauda, que largou de 4º fez uma corrida magistral.


Logo na largada já se lança à 2ª posição, e vai a caça ...


... de Mário Andretti, que, não aguenta a pressão do austríaco e perde a liderança.


Porém, poucas voltas depois de ser ultrapassado, seu motor Cosworth estoura e ele abandona a corrida.


Seu companheiro de equipe faz uma corrida aquém de seu equipamento, e uma 3ª posição veio por conta de abandonos.


Já Patrese, comemora seu primeiro pódio na carreira. Chega em 2º, mas com Peterson somente 1 segundo atrás.


Com uma direção sem erros, típica de um bicampeão, Lauda, junto com o Fan-car vencem fácilmente o GP de Anderstorp.


Comemoração do pódio.

9 comentários:

Fleetmaster disse...

Cara , aonde vocÊ arruma isto !!! Sensacional.

PArabens

Anônimo disse...

Muray Walker? Não seria Gordon Muray?

Rianov disse...

André,
Valeu pelos elogios

Herik,
Claro que é o Gordon Murray. Foi apenas um deslize meu. Valeu pela correção!

Germano disse...

aaaaaaaah...belo SAAB na última foto...hehehehe

era prêmio para o vencedor?

Rianov disse...

Não sei Germano,
Sei que o trio deu uma voltinha nele no final da prova, mas só de carona no teto solar.

Germano disse...

falando em Brabham...podia falar sobre o modelo sem radiador do BT46...só não lembro se veio antes ou depois do fan-car

Teddy disse...

Baixei o vídeo dessa corrida Rianov. A ultrapassagem do Lauda sobre o Andretti é algo de surreal. Ele simplesmente coloca o carro por dentro na curva de entrada da reta de chegada ou da de largada ( em Anderstop, se largava numa reta e se completava a volta em outra ), sai com muito mais tração sendo que a Brabham não escorrega praticamente nada. Lauda só precisou então aproveitar a maior potência do motor Alfa-Romeo para completar a ultrapassagem no final daquela reta curta. Um carro fabuloso. Só uma coisa me deixa em dúvida até hoje: É praticamente certo que Bernie Ecclestone tenha aceitado o banimento do carro fazendo uma espécie de " barganha " política. Teria-se sugerido então que o ventilador do Brabham contrariava o regulamento que " proibia qualquer recurso aerodinâmico móvel ". Pois bem. Não teria sido o caso de Bernie Ecclestone também exigir a retirada das minissaias dos Lotus - 79, que se configuravam como recursos aerodinâmicos móveis, também? Digo isso pois as minissaias, num senso comum, eram as peças chave para o funcionamento do efeito-solo. Talvez o Reutemann tivesse alguma chance no campeonato daquele ano caso fossem retiradas. Abraços.

Rianov disse...

Pois é Teddy,
Anderstorp 78 é uma das poucas que eu tenho também. Já sobre as minisaias, é verdade, talvez tivesse chances mesmo.

Felipão disse...

Perfeita essa história...

E o pessoal fica bem atento, eu nem reparei no Saab lá atrás...

Deve ter sido prêmio sim